top of page
Buscar

ARRASTO DE CAMARÃO VOLTA A OPERAR NA COSTA RICA

Após quatro anos de interrupção forçada, na onda de campanhas mundiais contrárias à pesca de arrasto, em movimento de coragem, personalidade, respeito e inovação, autoridades da Costa Rica chancelam o retorno de arrasto monitorado e inovado do camarão, devolvendo, em especial à Comunidade de Punta Arenas, um meio de vida digno e tradicional.

A Pesca Industrial da Costa Rica volta à operação com mudanças e melhorias tecnológicas nas suas redes e embarcações de pesca.

● Usando novas redes, mais leves e seletivas, bem como operações monitoradas por rastreamento e acompanhamento científico detalhado, embarcações de pesca industriais da Costa Rica iniciaram viagem nesta semana, em projeto sólido, buscando o desenvolvimento de uma pesca sustentável de camarão, com o apoio do instituto de pesca e de cientistas especializados que durará dois anos.


●Este marco é um complemento à entrada da Costa Rica no programa de economia circular "Redes de América", da ALPESCAS.


Após quatro anos sem arrasto de camarão, três de um total de oito barcos de camarão marinho de Punta Arenas na Costa Rica, suas tripulações e armadores regressaram à pesca de crustáceos acompanhados por biólogos marinhos e pela autoridade supervisora. Partiram para iniciar estudos visando a pesca responsável do camarão no Oceano Pacífico, conforme anunciado no ano passado pelo Presidente da República Rodrigo Chaves.

Este plano, desenvolvido pelo Poder Executivo em conjunto com o Ministério do Ambiente e Energia (Minae) e o Instituto de Pesca e Aquacultura da Costa Rica (Incopesca), e com forte participação da indústria, armadores e pescadores, procura lançar alternativas para a pesca responsável dos diferentes tipos de camarão no Oceano Pacífico e gerar informações para este tipo de pesca, reportando estas informações à Câmara Constitucional.


Neste sentido, os pescadores de camarão marinho de Punta Arenas fizeram uma série de melhorias, a primeira das quais foi a substituição das suas redes de pesca, o que lhes permitiu reduzir peso e resistência, diminuindo o consumo de combustível na frota em cerca de 20%, com evidentes benefícios de custo e na emissão de carbono. Estima-se também uma melhora na seletividade, aproximadamente 70%, o que reduzirá significativamente as capturas incidentais ou “by catch”, em importante redução de impacto. Além disto, os oito barcos, que estarão em funcionamento durante os dois anos de pesquisa, levarão a bordo observadores científicos do Incopesca , Instituto governamental responsável para registros e desenvolvimento de relatórios e capacitação de tripulações, tudo georreferenciado, para análises e pesquisa.


Roy Carranza, representante do setor industrial camaroneiro na Câmara Puntarenense de Pescadores, disse que "mudar as nossas redes e adaptar as diretrizes da Aliança Latino-Americana para uma Pesca Sustentável e Segurança Alimentar (ALPESCAS) nos permitiu a oportunidade de desenvolver uma pesca ambientalmente responsável e estamos otimistas, pois a mudança das nossas redes não só tornará a pesca mais eficiente e saudável, como também nos permitirá aderir ao programa Redes de América, que procura reciclar redes de pesca fora de uso, aderindo assim à economia circular da América Latina".


Pelo seu lado, o presidente da Alpescas, Osciel Velásquez, explicou a importância de gerar este tipo de mudança nos países: "estamos muito satisfeitos pela Costa Rica poder pescar novamente com redes de arrasto, uma vez que se trata de uma arte de pesca que pode ser sustentável se for feita corretamente. De fato, existem mais de 34 pescarias de arrasto certificadas, seguindo normas internacionais, tais como o Marine Stewardship Council (MSC), o mais exigente ao nível mundial, envolvendo diferentes zonas de pesca da FAO e 1 milhão de toneladas certificadas".


"Queremos ressaltar que a pesca faz parte de um ecossistema social, para cada barco que sai para pescar existem dez famílias na tripulação, dezenas de famílias nas fábricas de processamento e centenas de famílias em todas as atividades de apoio que vivem desta atividade. Pode não ser visível a olho nu, mas estes 8 barcos apoiam mais de mil empregos", acrescentou Velasquez.


Para Roy Carranza, "estamos muito otimistas e esperançosos de que eles se revelem da melhor forma, contribuindo para as economias locais e nacionais, mas de uma forma séria e sustentável com o nosso ambiente", concluiu ele.


Este Conepe entende que pescarias são formas de uso de recursos naturais renováveis, e que devem ser desenvolvidas sob estritos princípios apoiados na melhor ciência, governança, compromisso e engajamento participativo e formal.


Recorrentemente, trazemos opiniões próprias e de terceiros para reflexão.


No Brasil, experimentamos igualmente medidas impostas sob influência emocionada e generalista, proibir por proibir, sem uma real avaliação dos impactos sociais e mesmo ecossistêmicos decorrentes, sem um monitoramento dos efeitos desta proibição e num claro desperdício de recursos ambientais e socioeconômicos.


Entendemos, é claro, que há interesses distintos envolvidos, comunidades, regionalismos e métodos de pesca que num primeiro momento tendem a polarizar, concorrer, e neste momento, na falta de mediação, perde-se a coerência, a isenção e oportunidade de desenvolver o uso sustentável de recursos, opta-se pelo não uso, em imaginado benefício de alguns e prejuízo de outros. Aleatório, político.


Trazer reflexões, levantar polêmica e questionar medidas de ordenamento são algumas de nossas ferramentas em busca desta coerência no uso e gestão.


Limites de captura, alocação de oportunidades de pesca, períodos de defeso, métodos e seletividade, todo um arsenal de ferramentas disponíveis para uma boa gestão de pescarias é conhecido e reconhecido mundialmente. O arrasto pode ser feito de forma sustentável, aqui trouxemos avaliação publicada neste sentido. Nossa participação na ALPESCAS nos permite acesso e participação em Projetos como este agora desenvolvido na Costa Rica e tantos outros bons exemplos regionais e globais que precisam ser absorvidos para uma mudança efetiva dos rumos da pescaria brasileira, de norte a sul, marinha, de água doce, dos estuários e de águas internacionais.


Sem dados concisos, sem cadastros confiáveis, sem metodologia, planejamento e acompanhamento de resultados, não sairemos da situação de desgovernança e desperdícios que vivemos.

bottom of page